segunda-feira, agosto 09, 2010

O efeito rebanho

Estamos em pleno Agosto e por alguma espécie de castigo kármico eu estou aqui todo ranhoso e com dor de cabeça e garganta, a espirrar como se não houvesse amanhã.E por mais incrivel que pareça tenho tido preguiça de vir aqui ao blog quando estou a produzier mais ranho que uma betoneira industrial - até quase me assoei ao lenço de limpar os óculos tal é o desespero - mas mesmo assim, achei por bem pegar e vir escrever um artigo depois de vir do trabalhito porque me apeteceu (e vir responder aos comments que me foram deixando os meus caros leitores).
lembrei me duma coisa supé gira e pumbas cá tou eu (uau até rimei, isto hoje promete).
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Como eu adoro antecipar-me ás coisas, não vou esperar um mês e umas semanas para que comece o bendito ano escolar para poder falar disto.
Todos os anos – mesmo TODOS os anos – as televisões Portuguesas lá destacam meia dúzia de repórteres para andarem pelas universidades do País a filmar os "rituais de iniciação ao aluno", aka praxes.
E é curioso porque toda a gente quase que eu conheço que já foi para a universidade vai nos primeiros dias aterrorizada com a ideia das mesmas. (eu incluído, no primeiro Dia Jesus Maria José, foi há dois anos mas lembro-me bem…) mas mesmo assim pegam e vão.
Aqui é a parte engraçadíssima.
Os académicos/doutores dizem que as praxes são um método de integração do aluno, que é para ele se enturmar com os colegas e fazer amiguinhos para a vida toda.
E os otários dos caloiros dizem todos logo que sim, que é por isso que se sujeitam a esse processo nem sempre muito saudável.
TRETAS.
Uma pessoa consegue enturmar-se sem precisar de passar pelas praxes.
Colegas meus que não foram praxados integraram-se tão bem ou melhor que eu, não foi por andarem a fazer de palhacitos para os alunos mais velhos ou não que se integraram melhor na vida académica.
Não me estou a queixar das minhas praxes, porque mal por mal até me diverti – mesmo com as coisinhas tristes que andamos a fazer só para levantar o ego dos académicos – e apareci numa revistinha como podem ver na FOTO (andar com uma cabeça de porco espetada num pau e um colar de cabeças de peixe no pescoço o dia todo parece atrair todo o tipo de atenções sobre nós… não sei bem porquê, e estou em melhor forma agora que na altura, thank God).
Mas acho curioso que estes anos todos toda a gente engula a desculpa que é pelo bem da socialização do aluno e para se ambientar e não sei quê.
Tenho uma justificação muito mais simples para a existência das praxes.
Muitos destes alunos atemorizados pelas coisas que acham que lhes vão fazer, para e pensam algo estilo isto “oh porra não vou passar a vergonha de não ir ás praxes e ser o único
Então pegam e vão.
E estão lá todos em filinha a tiritar.
só porque sim.
chama-se a isto o efeito rebanho.
que é o efeito rebanho?” pergunta o leitor extático pela informação (não muito) preciosa que vou partilhar com ele
E eu respondo:
O efeito rebanho é basicamente seguir a multidão.
É o vulgo “Eu vou porque eles vão” ou, “se toda a gente faz porque não faço eu também?
Eu chamo a este comportamento humano “efeito rebanho” porque é mesmo assim que um rebanho de ovelhas (extremamente inteligentes) funciona.
Se uma ovelha começa a correr para a esquerda, em dois segundos estão todas a ir para a esquerda.
Porquê?
Porque viram a outra fazer.
E depois ainda me dizem que o ser humano é uma coisa muito complicada de compreender…
tsc tsc…
Eu falei das praxes como um exemplo, porque é uma das coisas em que mais se verifica o efeito rebanho, o propósito do artigo (era mais para mostrar a minha linda foto ok?)
E isto existe em tudo e mais alguma coisa.
Não pensemos já que é só na cabeça da juventude desocupada e supostamente altamente influenciável.
Nããããão, nada a ver.

Querem um exemplo mais abrangente?

A MERDA DA POWER BALANCE
A power balance é uma pulseirinha de silicone com um holograma em cada ponta que custa 30 euros +- mas que deve custar aos chulos de merda… quer dizer aos fabricantes por volta do um euro e meio. E supostamente quem usar tem mais equilíbrio. E tem mais sorte. E anda melhor. E dorme melhor. E ouvi dizer que em certos casos até são capazes de cagar notas de 500€ se tiverem um pensamento extremamente positivo.
Esta é uma outra forma magnífica de demonstrar o efeito rebanho.
Agora ao que parece toda a gente quer uma coisa daquelas, e quando questionaram uma das senhoras numa entrevista sobre o motivo que a levou a adquirir uma pulseirinha de borracha por 30€ , a senhora olhou muito sorridente para a câmara e disse “ah pois porque toda a gente usa e eu também quis experimentar”.
Quem fala na power balance fala em muitas outras coisas, como o bendito Iphone. Mal saiu em Portugal, os actores e actrizes deste país pegaram e compraram logo todos um iphone pela módica quantia de 500€, só porque sim, porque estava na moda.
Acho piada porque estamos todos susceptíveis a este comportamento e nem damos por ela.
Podemos tentar ser originais, tentar ser diferentes e não seguir a corrente, mas eventualmente uma situação qualquer desperta em nós o efeito rebanho e quando damos por ela estamos no meio dela a fazer exactamente o mesmo que o resto do “rebanho”.

Vá e agora vós meus caros leitores, como foram as vossas praxes? Foram/planeiam ser praxados? O que acham das praxes? O que acham do efeito rebanho? Já foram arrastados por ele muitas vezes? querem uma power balance? Comentem!

[a ouvir: Pump Up The Jam - Technotronic]
[Humor: adoentado
]

6 comentários:

  1. lol, deixa lá que em setembro o praxado sou eu xD

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  2. As minhas praxes foram o ano passado, fui praxado sim senhor mas não apareci numa revista, em vez disso estou no youtube xD.. Mas concordo, acho que, principalmente as praxes, é tudo um bocado o seguir a multidão, literalmente, porque quando eu la cheguei estava uma multidão de caloiros a serem praxados, e eu segui..

    Mas acho que isso tá um bocado no nosso subconsciente, é uma coisa pela qual não damos conta, um bocado automática

    Mas este ano vou-me divertir mais, porque melhor do que ser praxado, é ver praxar hehe (sim porque eu não posso praxar porque não fui baptizado e bla bla whatever xD)

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  3. Ora, não podia concordar mais, Ricardo, quantos ambientes não são controlados por comportamentos destes.
    Eu só tive meia hora de praxe (que resultou num fim de semana a sentir-me o Dr. House - andei a coxear com dores numa perna por ter ficado de cócoras e mãos por pousar no chão mais de 10 minutos seguidos xD) e por decisão minha não voltei a lá por os pés. Bom, e nos dias que correm integrei-me bem e tenho um bom grupo de amigos e conheço praticamente toda a gente do meu ano, no meu curso, mesmo que a uma boa parte seja só de nome. Posso dizer que estou honestamente feliz com a decisão que tomei.

    São escolhas, e sinceramente acho que as pessoas deviam pensar pela sua cabecinha e não acagaçarem-se e seguir a manada como opção default xD

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  4. ahhh... esse efeito é tão conhecido. tem um nome mais científico (só não me lembro qual), dei a uma cadeira de psicologia - psicologia social - e é muito comum. eu cá acho que essas pulseiras são uma treta (e NUNCA ia dar 30 euros por essa coisa, nem 5 dava), e os smart-phones a mim passam-me ao lado, a mim desde que o telemovel dê para ligar e mandar msgs, tá-se bem, quero lá saber que todo o mundo tenha.

    quanto as praxes, tenho uma opinião ligeiramente diferente. acredito que há pessoas que não vão seguir o rabanho, vão porque querem experimentar, ver cm é, e se não gostam nao vão mais. eu fui, para ver como era, lá está, e até me diverti. porque, depois, também há praxes e há praxes. há praxes estupidas que não integram ninguém coisa nenhuma, e há as praxes divertidas, onde efectivamente fazes amigos. eu fi-los, porque tive a sorte de apanhar as tais praxes divertidas. ninguém me humilhava, era mais na palhaçada. já passei essa fase, já fui praxada e já praxei, se calhar este ano nem ponho lá os pés, mas que foi divertido na sua altura, lá isso foi =P

    beijinhos

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  5. Antes de entrar para a faculdade, quando era a bendita caloira, pensava que a praxe era essencial para a minha/das outras pessoas integração. Mas agora passados, 3 anos verifico que nao é verdade. A praxe é uma semana de puro divertimento para ambas as partes (caloiros e veteranos) desde que nao sejam aquelas praxes super abusadas sem contexto nenhum. Mas uma praxe bem aplicada ate tem a sua piada.

    O efeito rebanho infelizmente é uma coisa bastante comum entre nós. É uma pena que assim seja e se vejam situações como esta da power balance e do iphone. O iphone eu nao compraria pq nao gosto dele mas a power balance gostava de verificar se a conversa dos vendedores é mesmo verdade. Como sou "atleta" gostava de verificar se consigo melhorar alguns movimentos c ela.. mas é pura curiosidade :P

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  6. Juro que tinha a sensação que tinha respondido a isto... tou taralhoco é o que é.
    And'z
    Boa praxe xD
    João
    Eu por acaso pese no 1º ano que ia achar um piadão a ver os caloiros ser praxados... mas quando fui ver achei aquilo super aborrecido. nem tenho vontade de ir praxar xD.
    o efeito rebanho existe pa toda a gente, até pa mim, não me estou a por num patamar acima xD.
    Murasaki
    Eu não me arrependo das minhas praxes mas sei que resultou um bocado pela logica de vai um vão todos. e tás a ver és um óptimo exemplo disso. eu fui praxado e acho que me dou com quase tanta gente na minha turma qto tu.
    Claudjinha
    acho que cinco euros já era mais aceitavel xD. eu sei que tem um nome cientifico mas não me lembrei e a ovelha choné quis aparecer.
    É como tudo. depende muito da praxe , do doutor e do caloiro.
    Sofia
    é, acho que isso se passa com muita gente... mas pronto deixa tar é uma "tradição".
    quanto á power balance eu acho que é um placebo muito bom. só isso

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