terça-feira, julho 24, 2012

Celebração da mediocridade

Tenho uma data de familiares no facebook - não todos muito chegados - , e de vez em quando fazem lá algumas reuniões familiares, pelos lados do Alentejo, que depois publicitam pelo facebook com milhentas fotos e comentários.
Hoje vejo no feed de notícias um novo álbum de fotos, cheio de likes, intitulado "festa de finalistas da C".
Perdoai a minha mente limitada, mas demorei um bom bocado a associar o nome do álbum ás fotografias repletas de criancinhas de 4/5 anos vestidas de... Gatos.
Se calhar porque sempre me ocorreu que uma festa de finalistas envolvesse vestidos pirosos, fatinho e gravata, música pirosa, buffet, uma pista de dança, maquilhagem, dramas adolescentes e algum álcool à mistura.

Tendo em conta que a C é a minha prima - em 3º ou 4º grau, sei lá - que pelos vistos é finalista... Da creche, não poderia ter acertado mais ao lado.
Não sei, acho que no final da festinha, das canções e dos bolinhos, lhe deram um diploma em como estava apta a fazer a sesta sem fazer chichi na cama, e como consegue usar o penico sozinha, uma coisa digna de currículo.

Não estou aqui para falar mal da C - coitadinha da criança - nem dos pais, mas vamos combinar, que começa a ser um bocado cansativo este triste sistema de termos que festejar a banalidade como se fosse uma grande coisa.

São finalistas na creche, no 4º ano, no 9º ano, e no 12º.
Depois entram para a universidade, onde toda a gente se está a cagar para a banalidade e para o “participar é que conta”, e levam com a realidade nas ventas mais depressa que um TGV (a segunda dose de realidade vem depois da licenciatura, quando se juntarem às filas do desemprego, mesmo "dótores").
Incentiva-se estas crianças a esperarem que o mundo lhes dê uma ovação por dar um peidinho e as presenteie, não por serem as melhores, mas por serem “todas especiais”.

except when we're losers

Somos todos lindos especiais e fantásticos, e nascemos todos para ser médicos, advogados, e gajas boas, com uma casa nos subúrbios, um labrador, e uma piscina no jardim à nossa espera – sem mordomo ou criadagem, porque neste mundo toda a gente vai ser demasiado rica para ser serviçal.

Flashnews: não, não somos
Ainda falam da nossa geração “à rasca”, sem se aperceberem da enrascada em que andam a meter a próxima geração.
Já não se premeia a genialidade, a criatividade, ou a capacidade, ganha-se uma medalhinha por levantar as nalgas da cama e aparecer, porque no fim, “o que interessa é participar”, o que como toda a gente sabe, é exatamente como o mundo real funciona.

E vocês?
Acham que se celebra demasiado a mediocridade?
Vá, toca a ler, comentar e subscrever!
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3 comentários:

  1. raio de moda esta de comemorar tudo... A criancinha dá um espirro e é motivo de comemoração e o pior é que toda a gente acha isto muito normal... no outro dia a avó da minha afilhada estava a lamentar-se a mim porque a menina não tinha ido à festinha de finalista(deixou o infantário e vai para o 1º ano) e queria fazer um drama daquilo... hello!!! gente!!! eu não tive festa de finalista quando passei do infantário para o 1º ano e estou aqui, sobrevivi a estas coisas todas sem nenhum trauma por causa disso, continuem a trata-las assim e depois sim vão vê-las traumatizadas...

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  2. mas digo-te já q essas festinhas de finalistas é mt à americana! aqui nos states é assim, és o maior qd sais do high school! e há premios p toda a gente! por aqui por estes lados há muita motivação e confiança.

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