sábado, fevereiro 26, 2011

As subtilezas do msn Pt.IV

msn-priest
No msn há uma opçãozinha de criarmos “grupos” – o que nem é uma ideia tão inovadora, tendo em conta que o fazemos com os amigos reais – onde diferenciamos a “familia” dos amigos, e dentro dos amigos separamos em vários subgrupos.
Embora não tenha paciência para fazer efectivamente os grupos, tenho os amigos categorizados, e vocês devem todos tê-los também, não é uma coisa má nem discriminativa, é só para termos uma noção.
Temos os amigos da parvalheira (aqueles com os quais trocamos piadas e vídeos engraçados), os amigos dos jogos, das partilhas de música, os das conversas filosóficas e por aí afora… - como também os há fora do pc (e às vezes até desempenham papeis diferentes atrás do ecrã e À frente dele) – E no meio de uma infinidade de tipos de contactos que possamos ter, encontra-se um espécimen em particular
:
O amigo confessionário virtual.
O amigo CV(abreviando) está lá com um propósito muito especifico: Ler tudo o que temos a dizer sobre as amarguras da vida.
É uma coisa fantástica como 70% dos meus contactos me enquadram nesse espaço que eu tão benevolamente renegaria se me dessem escolha.
Nós os CV’s não temos voto na matéria. Somos escolhidos através de critérios aleatórios e incontroláveis, e quando damos por ela já não há maneira de fugir a esse rótulo que fica como um código de barras virtual.
O CV serve para ouvir problemas conjugais, para ler sobre desencontros amorosos, sobre traições, sobre infelicidade no geral, sobre problemas de desemprego e financeiros, enfim, para tudo o que mais ninguém parece ter paciência para ouvir.
E vocês perguntam: “mas não é uma coisa boa confiarem em nós para nos contarem os seus problemas?”
Errado.
É bom que confiem em nós.
É bom que partilhem as coisas connosco, mas é uma merda autêntica quando a partilha é unilateral, quando só querem falar dos seus problemas e nós não existimos.
E um CV é do mais unilateral possível.
Servem para ouvir e dar opiniões quando pedidas, mas o CV aos olhos do confessor não tem uma vida própria, ou por outra tem uma mas é facilmente posta de lado, para ser sobreposta pelos seus problemas pessoais.

E é engraçado, porque toda a gente gosta muito do seu CV.
O seu CV é um amigo muito… como é que era mesmo…. Ah! “Especial”! Uma pessoa que compreende e não julga, e que está lá sempre solícita a ouvir tudo com a maior das atenções.
O bonito é que as pessoas tendem a só se lembrar de que o CV é uma pessoa especial quando acordam na fossa e precisam de desabafar.
Uma conversa com um CV processa-se invariavelmente da seguinte maneira:
Pessoa: Oi, tudo bem (é uma pergunta retórica, não lhes interessa a resposta)
CV: oi, tudo e tu?
Pessoa: nem por isso… (and here we go)
CV: ai é? Então?
Pessoa: *vómito de assuntos desinteressantes*
Sim, e depois começam os choradinhos...
E pelos vistos o CV tem que ficar extremamente interessado na conversa, por mais mínimo ou desinteressante que seja o "problema monumental"... acho que está na cláusula contractual... de um contracto que assinam por nós e nem nos mostram.
E depois quando o CV se revolta e diz “olha vai dar uma volta que não estou para ouvir os teus queixumes, depois de não falares comigo não sei quanto tempo” as pessoas ficam extremamente ofendidas, porque foram “mal interpretadas”.
O que é giro é que cada vez mais pessoas se valem dos outros para vomitar os problemas, com a desculpa de “os amigos são para estas coisas” ora porra, mas se um amigo serve só para ouvir as coisas más, começo aqui já a cobrar à hora e a passar recibos, e viro psicólogo.

E vocês?
Já foram CV de alguém?
têm um CV?
Toca a ler, comentar , subscrever e gostar no facebook, que pra semana que vem tenho os comments todos em atraso respondidos

[A ouvir: Number One-John Legend ]
[Humor: Meh]

4 comentários:

  1. tanta vez que isso já me aconteceu, acho que já perdi a conta xD

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  2. Acho que tenho o nome "confessionário" escrito na minha testa. E no virtual e no meu cotidiano. No geral me pegam pra contar seus problemas e quando estão bem, somem... rs


    Beijocas

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  3. Andz
    és tu e eu
    Dama
    Sim, na rua com desconhecidos me acontece toda a hora. aff xD

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  4. Ficas a saber que nas camadas mais jovens passa-se exactamente o mesmo, já é um hábito que vem da infância até, em que tínhamos um amigo ao qual contávamos quantos beijinhos dávamos debaixo da mesa da pré, mas não queríamos saber se ele já dava beijinhos... ahahah

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