A vida é feita de controlo.
Mas nenhum tipo de controlo é tão importante como o próprio, vulgo auto controlo.
Controlamos com quem nos damos, o que dizemos, a imagem que passamos. E nem aqueles supostos “desinteressados” escapam a isto. Também eles sofrem uma série de pequenos autocontrolos, que são de certa forma benéficos.
Fazemos uso desses controlos para nos enquadrarmos.
As convenções e regras a que somos sujeitos são uma espécie de “mordaça mental”, uma quantidade de linhas previamente traçadas para que nos rejamos de forma coerente e aceitável. Aprendemos a comportar-nos, a distinguir o que podemos dizer do que devemos manter para nós por ser potencialmente desagradável.
No meio de toda esta pressão social, somos sujeitos a uma competitividade a vários níveis uns com os outros. Quem é que nunca foi alvo de comparações, e quem é que nunca comparou A com B? é normal, queremos sempre de certa forma medir o patamar em que nos encontramos, e para isso usamos os exemplos mais próximos.
Numa sociedade extremamente competitiva como a de hoje em dia, às vezes o mais sensato (do ponto de vista estratégico) a fazer é dissimular-se os próprios sentimentos.
Claro que não falo de sentimentos agradáveis, como a alegria ou a euforia (se bem que há quem escolha dissimular até esses para evitar o comum olho gordo), geralmente aprendemos a ultrapassar as coisas más mais silenciosamente e a partilhar efusivamente as coisas boas.
Quantas vezes não puseram um sorriso quando estão num dia completa e totalmente não só para não terem que ouvir as perguntas do costume, os “então, está tudo bem?” ou o “passa-se alguma coisa?”?
E nunca tiveram que se conter quando querem insultar alguém e não o fazem por saberem que perdem automaticamente a razão ao fazê-lo?
Claro que isto tudo se processa em situações ocasionais.
Afinal, todos acabamos por ter sempre um ou mais alguéns aos quais não tememos baixar as muralhas e deixar entrever o que se passa lá dentro.
Quer dizer, claro que o controlo das emoções é uma coisa benéfica do ponto de vista estratégico, (a vida é uma espécie de mesa de póquer gigante, e como já devem saber, quem faz o melhor bluff safa-se melhor) porque muitas vezes as nossas maiores fraquezas estão naquilo que sentimos. E a independência emocional quando vista desse prisma também pode ser benéfica. Afinal se virmos o ponto de vista profissional como exemplo, muitas das pessoas mais bem sucedidas numa empresa são as mais duronas e mais “inacessíveis”. Mas será que não querer partilhar com ninguém aquilo que nos vai cá dentro é saudável?
Não sou apologista do “momento Dr Phill” nem a lamechices pegadas. Less is more.
Mas ainda assim, do “de vez em quando” ao “nunca” ainda vão uns bons passos.
E quanto mais penso nisso mais reparo que o número de pessoas que se isolam de forma total a nível sentimental aumenta exponencialmente.
É mais fácil ser-se duro e azedo, afastar a concorrência e focar-se nos objectivos. Seja em que campo for.
E há muito aquela ideia de que quem tem dificuldades em partilhar e mostrar o que sente é aquela pessoa calada e solitária, quando cada vez mais é exactamente a pessoa mais sociável e que está rodeada de pessoas que se fecha em copas. E as pessoas em volta nem chegam a perceber.
Acabam por haver imensas “ilhas” de fúrias mágoas ansiedades e medos amontoadas indiscriminadamente como um aterro a céu aberto, demonstrando um exterior áspero como forma de autodefesa.
Por exemplo: Eu sou uma pessoa que preza muito a liberdade. Não gosto de depender emocionalmente de ninguém. Juntando a isto aquela coisa de ser uma das pessoas mais desconfiadas que conheço, e faz-se uma hiper-selectividade com as pessoas que deixo entrar na minha vida a sério.
Ou seja, tenho uma enorme dificuldade em confiar nas pessoas.
Claro que quando confio não há volta a dar. Sou capaz de contar tudo e mais alguma coisa... como tenho uma noção um bocadinho alternativa do que é “estritamente pessoal”, poucas são as pessoas que sabem as coisas que eu considero importantes, enquanto que há muitas coisas que conto a montes de gente que podem parecer coisas descomunais a toda a gente, mas não me afectam minimamente no geral.
Com isto já algumas pessoas ficam confusas por me conhecerem há anos e não me conseguirem conhecer, e por eu não lhes mostrar aquilo que estou a pensar ou a sentir na altura. Parecem não entender que não confio o suficiente neles para deixar as minhas defesas em baixo.
Para mim a maior forma de controlo não é não mostrar os nossos sentimentos a ninguém e sim ter a capacidade de escolher a quem o podemos fazer.
Costumam muitas ocultar os vossos sentimentos?
Conhecem quem o faça?
As pessoas que têm uma aparência mais insensível terão efectivamente mais propensão a serem bem sucedidas?
Têm facilidade em partilhá-los?
Partilham-nos com muitas pessoas?
E quando não é uma coisa ocasional (esconder o que se sente, ou passar uma imagem completamente oposta ao que se passa lá dentro), até que ponto é que isso é saudável?
E quando não há com quem se partilhar por escolha própria?
Acham que as pessoas estão cada vez mais desconfiadas umas das outras?
[Humor: Filosófico ]
"Para mim a maior forma de controlo não é não mostrar os nossos sentimentos a ninguém e sim ter a capacidade de escolher a quem o podemos fazer."
ResponderExcluirNão podia estar mais de acordo.
Eu, no que toca a assuntos mesmo sérios, normalmente fico calada.
Mas só até certo ponto, quando expludo digo tudo. Mas nunca a qualquer um. Há sempre um grupo de 3 ou 4 pessoas que são mais especiais, nesse aspecto e ouvem tudo em primeira mão. :)
Ah! E gostei da música. :D
ResponderExcluirCostumam muitas ocultar os vossos sentimentos?
ResponderExcluir- Depende das situações.
Conhecem quem o faça?
- Sim.
As pessoas que têm uma aparência mais insensível terão efectivamente mais propensão a serem bem sucedidas?
- 2 lados da moeda, avaliando em que contexto possas-te referir a sucedidas.
Têm facilidade em partilhá-los?
- Depende com que pessoas.
Partilham-nos com muitas pessoas?
- Algumas.
E quando não é uma coisa ocasional (esconder o que se sente, ou passar uma imagem completamente oposta ao que se passa lá dentro), até que ponto é que isso é saudável?
- Nunca é saudável, não no momento pelo menos, mas as vezes tem de ser.
E quando não há com quem se partilhar por escolha própria?
- Isso ai, respondo, as vezes opiniões não se discutem.
Acham que as pessoas estão cada vez mais desconfiadas umas das outras?
- Eu sou constantemente uma pessoa desconfiada dos que não conheço, os outros não sei :x
Sim, costumo esconder muito os meus sentimentos. Aqueles sentimentos altamente românticos, mostro mais em actos do que em palavras, há momentos certos para isso, mas andar sempre nisso, bah, não é comigo. Aqueles sentimentos mais negativos, escondo ainda mais, porque tenho noção que quando isso me dá, não é por bom motivo, e normalmente é pro alguma fraqueza minha, logo não vou descarregar em cima dos outros.
ResponderExcluirSofia
ResponderExcluirPois, eu tento ficar calado, mas Às vezes lá vem o vómito de palavras xD.
O que me faz confusão é que há quem não tenha esse grupo, porque não quer. também gosto muito da música.
Cruz
Parece que respondeu a um inquérito xD. eu sou desconfiado de quase toda a gente, até dos que conheço xD tou pior que tu.
BSL
Pois, compreendo o que queres dizer. também faço isso algumas vezes. como disse no texto, não me abro com facilidade.