quinta-feira, junho 09, 2011

O Ricardo e as Drogas

Enquanto estava a jantar deu uma reportagem sobre as drogas legais em Portugal – substâncias que ainda não foram proibidas legalmente para o comércio, e continuam a ser portanto legais – e a dizer que há gente a ter overdoses e nhenhenhenhe.
Eu achei isso tudo muito bonito e informativo, e achei completamente amoroso ver uma senhora que tem uma loja de drogas legais a fingir que se preocupa imenso com a clientela e a apregoar que é um estabelecimento responsável… enfim aquele chorrilho que se faz para se ficar bem na foto.
A única coisa que eu não consigo compreender é porque é que os media no geral lutam por manter aquela ideia de que todos os jovens se metem na droga por más companhias… ou que se metem na droga como uma espiral sem fundo que acaba com uma pessoa quarentona a pedir esmola para um café à porta do pingo doce.
Oh pelo amor de Deus.
As coisas já não se processam assim.
Vivemos no século XXI, e a coisa que mais há a dar com o pontapé é informação sobre tudo e mais alguma coisa. Há 15 anos atrás era quase impensável falar-se de toxicodependência nas escolas, porque os drogados eram marginais e prostitutas, e só pessoas de más famílias é que se metiam nesses vícios.
Mas isso era há 15 anos.
Hoje em dia fala-se das drogas nas escolas, e aprende-se desde cedo os efeitos imediatos e os efeitos secundários que eles trazem, eu com 15 anos já sabia muito bem o que é que o uso abusivo das drogas me podia fazer, e conhecia umas quantas denominações científicas de coisas que nem sequer cheirei (adorei a ironia acidental).
Eu uma vez fumei um charro.
Okay, eu uma vez dei duas passas num charro, mas pronto vai dar ao mesmo.
E para ser muito honesto com vocês leitores e leitoras, senti-me ligeiramente ludibriado. É como quando compramos – tecnicamente não comprei nada, mas pronto - um chocolate de renome internacional, e a porcaria do chocolate sabe a papelão. Foi muito por aí.
Eram os meus amigos todos a rirem (e demos todos as mesmas duas passas) ou a ficarem todos moles, enquanto eu fiquei aproximadamente 20 minutos a pensar “isto se calhar demora muito tempo a fazer efeito”.
Depois passei para o “Okay, se calhar sou daquelas pessoas que são resistentes a psicotrópicos”… mas ocorreu-me que – na altura – com 2 copos de qualquer bebida alcoólica ficava a saltitar de embriaguez.
Depois ocorreu-me “isto é muito efeito placebo”. E a verdade é que é provável. Podiam muito bem ter vendido relva de jardim seca ao rapaz com quem saímos naquela noite que preparou a mortalha e acendeu o charro, que só a ideia de ser “erva” deixava logo muitas mentes jovens e influenciáveis todas pedradas, mesmo que estivessem a inalar fumos de relva.
E isto chegou-me.
Não sei o que são drogas pesadas… nem quis saber. E estou muito feliz assim.
Aliás, acho que todos nós fizemos o mesmo – menos a K, que ainda fuma bastante erva, mas pronto é lá uma escolha dela – e não nos pusemos a experimentar para nos impressionar uns aos outros.
Experimentámos por sermos novos e querermos experimentar o mundo.
O que não faz de nós – na altura por volta de 15/16 anos – “jovens vítimas no mundo negro da droga” (uma frase bem possível de aparecer numa qualquer reportagem sobre este tema, num telejornal português bem dramático como nós os queremos).
Depois disto deixo aqui umas conclusões brilhantes:
Não é por nada, mas quem usa droga, usa porque quer.
Ninguém aponta uma arma à cabeça dos miúdos (ou graúdos) e lhes diz “vá toca a encharcares-te em cogumelos alucinógenicos, senão mato-te a mãe e violo-te o gato” (ou ao contrário, sei lá eu como funcionam estes ladrões modernos). Há diversos motivos, mas no geral a motivação vem de nós mesmos.
E quem continua a usar, continua porque quer.
A droga não vicia após um ou dois consumos. Quer dizer também depende da quantidade, mas mesmo assim acho que são necessárias umas quantas reincidências no consumo. Por isso a desculpa do “Ah e tal, depois fiquei agarrado” não é assim tão razoável quanto isso. É quase o mesmo que dizer que virei alcoólico porque bebi três garrafas de champagne no reveillon (se fosse por aí, acho que preciso de ir aos AA).
Não há boas ou más companhias.
Há as companhias que escolhemos, e há mentes mais ou menos influenciáveis. Uma pessoa pouco influenciável não segue ideias que acha más só para se afirmar. Isto serve para a droga, o álcool ou para qualquer outra coisa. Temos cérebros para alguma coisa.
Não acredito muito na história do “drogado coitadinho”
Aquela história de não largar o vicio porque não se consegue é uma desculpa. Aliás, já ouvi isto da boa de vários ex toxicodependentes. Se estiverem mesmo motivados para largar a droga seguem todo o caminho como deve ser. Senão não se aguentam. Acho que nem as pessoas que passam por esse vício e o ultrapassam gostam de serem vistas como coitadinhas. Se gostarem, pior para elas, que deste lado não levam nenhum.
As pessoas que consomem drogas NÃO são só bandalhos e vadias.
Há por aí muito senhor de estatuto e muita madame da alta roda que cheira uma dona branca de vez em quando. E se o fizerem como deve ser, ninguém chega a saber. As aparências iludem.

Só para finalizar – que isto já vai no dobro do tamanho inicial que tinha planeado para o texto – eu não estou a julgar ninguém que consuma/tenha consumido regularmente drogas de qualquer tipo. Nem acho que seja uma coisa assim tão errada quanto isso. cada um faz o que quer com a consciência do que está a fazer. Estou é a insurgir-me contra aquela tendência que as pessoas têm de culparem a droga. Não e a cocaína que salta para o nariz das pessoas sozinha. As pessoas fazem as suas escolhas, e pouco mais há a dizer.

E vocês?
Alguma vez experimentaram drogas?
O que pensam do assunto?
O que acham das "drogas legais"?
São contra ou a favor das drogas, é-vos indiferente, ou não têm opinião formada?

peço desculpa pelo super mega enorme post, mas descuidei-me com a escrita xD. 
Toca a ler comentar e subscrever ;)

[A ouvir: I Rather die young - Beyoncé]
[Humor: Pensativo]

7 comentários:

  1. Nunca fumei droga, bastou-me uns cigarros para ver que não valia pena. Era dinheiro muito mal gasto lol

    Isso das mentes, sim é verdade, porque eu sempre conheci gente que fumava e não foi por isso que comecei a fumar charros. A pessoa fuma se quer, porque tem curiosidade e mai nada! lol

    Até está comprovado que um charro é muito menos prejudicial que um cigarro, não sei, não sou cientista, ainda eu de fumar para ver LOL

    Quanto à legalidade das mesmas, eu acho que "o fruto proibido é mais apetecido", mas pronto... Por isso, algumas drogas leves, deviam ser legais... Está na pessoa saber se quer consumir ou não!

    ResponderExcluir
  2. Ainda estou nos últimos preparativos para cair nesse mundo... depois logo falamos, ok? ;P

    «Dona branca»?
    Eu sou mais heroína!

    ResponderExcluir
  3. Concordo contigo. Há coisas que por mais que legalizem, continua ilegalizável em especial em termos morais. Os meus colegas de trabalho, com 18 anos não fazem outra coisa, e lá se vão os neurónios matando aos poucos. Quando chegarem a velhos, não sei bem quem vai governar este mundo, mas parece-me que se já está mau, depois ainda pior vai ficar!!!

    Bjs.

    ResponderExcluir
  4. Já fumei uns charritos e não me apontaram nenhuma arma à cabeça para o fazer. E o mesmo se passou com a porcaria do tabaco.
    O efeito dos charros em mim também não foi nada de surreal, mas não misturem alcool em doses maciças com charros porque o resultado não é famoso.
    E prefiro mil vezes beber uns copos.

    ResponderExcluir
  5. Ola quero dar - te os parabéns porque o blog está espectacular. Em relação ao posto eu pessoalmente nunca experimentei nenhum tipo de drogas nem faço questão de tal, acho que o que leva as pessoas a experimentar drogas seja a influencia doa amigos experimentam para não se sentirem excluídas de um grupo, possivelmente essas pessoas são muito influenciáveis, penso que se deve fazer uma coisa porque se quer e não porque os outro fazem.

    ResponderExcluir
  6. bem. por onde hei-de começar?
    primeiro, quero dar-te os parabéns. escreves de uma forma leve, irónica e bastante inteligente, que cativa aqueles que, como eu, soltam gargalhadas com os teus posts.
    agora, respondendo às questões:
    - sim, já experimentei drogas, as chamadas drogas 'leves'. já fumei erva, pólen e bolota. se gostei? sim. até gosto. de vez em quando, fumo... não é um hábito que tenha, não é algo que me passe pela cabeça diariamente. fumo com alguns amigos... porque me apetece, porque quero abstrair-me um bocadinho... mas, para ser sincera, as melhores 'trips' que tive, foi a fumar sozinha... gosto de enfiar-me no quarto, fumar uma e ouvir uma boa música... revitaliza-me, faz-me sentir bem.
    - apesar de fumar de quando em quando (quase quando ' o rei faz anos ' ) acho uma estupidez quem se entrega às drogas, quem faz delas a sua única felicidade. ya, fumas se te apetecer, sem grande regularidade, curtes o momento e pronto. daí a um tempo há mais. é triste que existam pessoas que não conseguem já divertir-se sem fumarem, cheirarem, etc e tal... e, já para não falar do alcool, que muitas vezes não é visto como droga, mas que o é.
    - sou a favor da legalização de determinados tipos de drogas. da erva, por exemplo. fumar um charro de erva é menos prejudicial do que um cigarro. e se toda a gente fuma cigarros pelas ruas, porque é que não hão-de poder fumar-se charros?!
    além disso, o facto de ser ilegal só aumenta o mercado negro, o enriquecimento dos vendedores... se fosse legalizado, os preços iriam padronizar-se e a qualidade estaria mais asseugurada - para que não se curtam trips de relva, como tão bem referiste :p
    - se sou a favor ou contra?? eu acho que cada um sabe de si. se queres fazê-lo, não há quem te impeça. o corpo é teu, o dinheiro é teu - enquanto não o roubares, no problem - e a saúde é tua. fazes da tua vida o que bem entendes. acho que, assim, sou um bocado indiferente - para me incluir nas respostas que dás.

    bem, foi um comentário demasiado longo, i know. saiu-me... ahah
    parabéns mais uma vez pelos teus fantásticos Blás. :p

    ResponderExcluir
  7. Jessica
    Oh, eu não gastei dinheiro. se fosse querer gastar nem sequer sabia onde é que isso se compra, só para começar a história. havia de ser bonito havia.
    isso de ser ilegal ou não, não altera lá muito o seu consumo. aliás, até era menos consumida se fosse legal provavelmente.
    PFIA
    Dona Branca é cocaína acho eu (li num livro e gostei da expressão) quando fizer a experiência avise xD
    BSL
    Conheço velhos que fumam ganza montes de vezes e já tão meio gagas. mas é uma escolha deles. quem se prejudica são eles e eu não tenho que criticar ou não.
    Inês
    És como eu. bebo um ou dois copitos e chega-me. faz-me confusão só quando usam a desculpa de se irem divertir para fumar uma cambada de coisas, quando acabam por ficar ali todos amorfos e estáticos.
    Joana
    Obrigado pelo elogio, eh pah, é como disse, há casos e casos, nem toda a gente experimenta por causa dos amigos. muitas vezes é só uma pessoa num grupo de amigos a experimentar e os outros não provam sequer. há idades mais susceptíveis, mas também depende muito da cabeça das pessoas.
    Joana (duas de seguida xD)
    Ai muito obrigado pelo elogio, coisas destas até me motivam mais a continuar a escrever.
    Eu também acho que as drogas mais leves podiam ser legalizadas. é uma escolha de cada um usar ou não.
    Isso de as pessoas usarem como desculpa a diversão para se embebedarem comigo não pega. das duas ultimas vezes que sai à noite nem bebi uma pinga e diverti me imenso.
    Obrigado, espero que continues a ler e a gostar
    ;)

    ResponderExcluir

Aproveita agora que comentar ainda não paga imposto, pode ser que responda!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...