Enquanto estava a jantar deu uma reportagem sobre as drogas legais em Portugal – substâncias que ainda não foram proibidas legalmente para o comércio, e continuam a ser portanto legais – e a dizer que há gente a ter overdoses e nhenhenhenhe.
Eu achei isso tudo muito bonito e informativo, e achei completamente amoroso ver uma senhora que tem uma loja de drogas legais a fingir que se preocupa imenso com a clientela e a apregoar que é um estabelecimento responsável… enfim aquele chorrilho que se faz para se ficar bem na foto.
A única coisa que eu não consigo compreender é porque é que os media no geral lutam por manter aquela ideia de que todos os jovens se metem na droga por más companhias… ou que se metem na droga como uma espiral sem fundo que acaba com uma pessoa quarentona a pedir esmola para um café à porta do pingo doce.
Oh pelo amor de Deus.
As coisas já não se processam assim.
Vivemos no século XXI, e a coisa que mais há a dar com o pontapé é informação sobre tudo e mais alguma coisa. Há 15 anos atrás era quase impensável falar-se de toxicodependência nas escolas, porque os drogados eram marginais e prostitutas, e só pessoas de más famílias é que se metiam nesses vícios.
Mas isso era há 15 anos.
Hoje em dia fala-se das drogas nas escolas, e aprende-se desde cedo os efeitos imediatos e os efeitos secundários que eles trazem, eu com 15 anos já sabia muito bem o que é que o uso abusivo das drogas me podia fazer, e conhecia umas quantas denominações científicas de coisas que nem sequer cheirei (adorei a ironia acidental).
Eu uma vez fumei um charro.
Okay, eu uma vez dei duas passas num charro, mas pronto vai dar ao mesmo.
E para ser muito honesto com vocês leitores e leitoras, senti-me ligeiramente ludibriado. É como quando compramos – tecnicamente não comprei nada, mas pronto - um chocolate de renome internacional, e a porcaria do chocolate sabe a papelão. Foi muito por aí.
Eram os meus amigos todos a rirem (e demos todos as mesmas duas passas) ou a ficarem todos moles, enquanto eu fiquei aproximadamente 20 minutos a pensar “isto se calhar demora muito tempo a fazer efeito”.
Depois passei para o “Okay, se calhar sou daquelas pessoas que são resistentes a psicotrópicos”… mas ocorreu-me que – na altura – com 2 copos de qualquer bebida alcoólica ficava a saltitar de embriaguez.
Depois ocorreu-me “isto é muito efeito placebo”. E a verdade é que é provável. Podiam muito bem ter vendido relva de jardim seca ao rapaz com quem saímos naquela noite que preparou a mortalha e acendeu o charro, que só a ideia de ser “erva” deixava logo muitas mentes jovens e influenciáveis todas pedradas, mesmo que estivessem a inalar fumos de relva.
E isto chegou-me.
Não sei o que são drogas pesadas… nem quis saber. E estou muito feliz assim.
Aliás, acho que todos nós fizemos o mesmo – menos a K, que ainda fuma bastante erva, mas pronto é lá uma escolha dela – e não nos pusemos a experimentar para nos impressionar uns aos outros.
Experimentámos por sermos novos e querermos experimentar o mundo.
O que não faz de nós – na altura por volta de 15/16 anos – “jovens vítimas no mundo negro da droga” (uma frase bem possível de aparecer numa qualquer reportagem sobre este tema, num telejornal português bem dramático como nós os queremos).
Depois disto deixo aqui umas conclusões brilhantes:
Não é por nada, mas quem usa droga, usa porque quer.
Ninguém aponta uma arma à cabeça dos miúdos (ou graúdos) e lhes diz “vá toca a encharcares-te em cogumelos alucinógenicos, senão mato-te a mãe e violo-te o gato” (ou ao contrário, sei lá eu como funcionam estes ladrões modernos). Há diversos motivos, mas no geral a motivação vem de nós mesmos.
E quem continua a usar, continua porque quer.
A droga não vicia após um ou dois consumos. Quer dizer também depende da quantidade, mas mesmo assim acho que são necessárias umas quantas reincidências no consumo. Por isso a desculpa do “Ah e tal, depois fiquei agarrado” não é assim tão razoável quanto isso. É quase o mesmo que dizer que virei alcoólico porque bebi três garrafas de champagne no reveillon (se fosse por aí, acho que preciso de ir aos AA).
Não há boas ou más companhias.
Há as companhias que escolhemos, e há mentes mais ou menos influenciáveis. Uma pessoa pouco influenciável não segue ideias que acha más só para se afirmar. Isto serve para a droga, o álcool ou para qualquer outra coisa. Temos cérebros para alguma coisa.
Não acredito muito na história do “drogado coitadinho”
Aquela história de não largar o vicio porque não se consegue é uma desculpa. Aliás, já ouvi isto da boa de vários ex toxicodependentes. Se estiverem mesmo motivados para largar a droga seguem todo o caminho como deve ser. Senão não se aguentam. Acho que nem as pessoas que passam por esse vício e o ultrapassam gostam de serem vistas como coitadinhas. Se gostarem, pior para elas, que deste lado não levam nenhum.
As pessoas que consomem drogas NÃO são só bandalhos e vadias.
Há por aí muito senhor de estatuto e muita madame da alta roda que cheira uma dona branca de vez em quando. E se o fizerem como deve ser, ninguém chega a saber. As aparências iludem.
Só para finalizar – que isto já vai no dobro do tamanho inicial que tinha planeado para o texto – eu não estou a julgar ninguém que consuma/tenha consumido regularmente drogas de qualquer tipo. Nem acho que seja uma coisa assim tão errada quanto isso. cada um faz o que quer com a consciência do que está a fazer. Estou é a insurgir-me contra aquela tendência que as pessoas têm de culparem a droga. Não e a cocaína que salta para o nariz das pessoas sozinha. As pessoas fazem as suas escolhas, e pouco mais há a dizer.
E vocês?
Alguma vez experimentaram drogas?
O que pensam do assunto?
O que acham das "drogas legais"?
São contra ou a favor das drogas, é-vos indiferente, ou não têm opinião formada?
peço desculpa pelo super mega enorme post, mas descuidei-me com a escrita xD.
Toca a ler comentar e subscrever ;)
[A ouvir: I Rather die young - Beyoncé]
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Pensativo
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