sexta-feira, outubro 28, 2011

Eu odeio casamentos

Em inglês, há duas palavras para casamento.
Marriage, que se refere ao relacionamento, e Wedding, que se refere à cerimónia.
Acho que em Português também devia haver duas palavras, para não me parecer tão mau quando digo que odeio casamentos.
Não me refiro obviamente à primeira opção, acho que a dada altura, é normal que os casais queiram dar o "próximo passo" e pronto, que se queiram unir de maneira mais oficial e renhéunhéunhéu.
O que eu odeio mesmo, é todo aquele ritual do casamento.

A igreja
Não interessa que os noivos não sejam católicos, que não vão à missa ou que sejam alérgicos a água benta.
Um casamento que se preze começa na igreja.
E é ver uma procissão de convidados que viajam em matilha, numa nuvem de vestidos coloridos e perfumes em excesso , a entrar numa qualquer igreja - grande parte das vezes demasiado pequena para albergar os convidados todos - esperar que entre a noiva com o seu lindo vestido branco e a criancinha a jogar pétalas e/ou a carregar uma almofadinha com alianças.
E há SEMPRE uma criancinha para fazer esse papel.
Ao fim de 20 minutos de missa já metade dos convidados boceja, muitos utilizam os telemóveis (mesmo sendo alegadamente proibido) e os noivos e familiares próximos ficam lá especados no altar, a derramar a lagriminha de emoção enquanto a tia avó septuagenária se deixa dormir antes de ouvir o "eu aceito"
No final, as pessoas juntam-se todas à porta e batem palmas, e jogam arroz ou outra coisa qualquer, e fazem uma grande festa, como se fosse uma maravilha que nunca mais fossem ver (parece que não se lembram que ainda vão ver a fronha dos noivos durante mais uns bons pares de horas).
A caravana
Esta é sem dúvida, a parte que mais adoro odiar nos casamentos.
Por algum motivo que nunca percebi, existe toda uma mística em fazer uma fila gigantesca de carros e buzinar como se não houvesse amanhã desde a bendita igreja até ao local do copo d'àgua.
Lá vão todos os carros em fila, com fitinhas nas antenas (que até hoje nunca percebi de onde aparecem).
Parece que é um ritual moderno que assegura a felicidade dos noivos. antigamente faziam-se oferendas aos Deuses, agora buzina-se dentro das localidades.
O copo d'Àgua.
Ora bem, aqui começa o verdadeiro martírio.
Ao contrário da viagem das buzinas que passa em... vá 20 minutos, o copo d'àgua tem o privilégio de durar até para sempre.
Embora já tenha havido contacto prévio com os restantes convidados logo no início - há alguns casos em que se vai para casa da noiva ou do noivo antes, mas não é sempre, por isso generalizemos para a igreja -só no copo d'àgua é que entendemos que não conhecemos 85% das pessoas. e um casamento não é o melhor sítio para se confraternizar com estranhos, trust me.
Entramos no hotel/parque/sítio alugado pelos noivos e damos de caras com a lista.
A lista não é mais do que... bem do que uma lista (óbvio) com mesas e distribuição de lugares.
Em cada casamento os nomes das mesas mudam. temos sempre uma qualquer imbecilidade como a "mesa coelhinho" , ou a "mesa leite creme" e por aí fora. os temas são infindáveis e podem ir de marcas de cuecas até nomes de canções escolhidas pelos pombinhos. o que interessa é a maneira como são dispostas as pessoas pelas mesas.
A parte bonita disto tudo, é que os organizadores dos casamentos conseguem arranjar maneiras de prem as pessoas agrupadas das formas mais estapafúrdias possível. desconfio que tiram à sorte com papelinhos. já calhei numa mesa com a avó da noiva e acho que tirei uma especialização sobre artroses nesse dia.
Quando já estamos todos mais ou menos organizados por mesas, começa a odisseia das fotografias.
E novamente, as fotografias são todas muito aleatórias, tão depressa tiro uma com os noivos, como estou a tirar uma com uns amigos do noivo que nunca tinha visto na vida, e com os quais troquei  3 palavras a festa toda. Oh, e já repararam como toda a gente diz à noiva "ai estás tão linda!" mesmo que esteja um camafeu de todo o tamanho?" porquê gentes?
Quando somos libertos disto tudo para ir socializar, liberam o buffet, o que é o pandemónio, porque toda a gente sabe que ir a um casamento é bom por encher o pandulho à borla, então formam-se filas intermináveis para comer, como se fossemos todos uns mortos de fome que não tínhamos um prato cheio à frente há semanas.
Parecendo que não todas as actividades anteriores cansam um bocado, e que melhor maneira de repor energias do que comer a comida que tão generosamente nos oferecem?
No entanto de cada vez -CADA VEZ MESMO - que vou a meter um garfo à boca, alguma alminha idiota lembra-se de bater com o bendito talher no copo. e lá tenho eu que parar, porque alguém vai dizer qualquer coisa aborrecida, e os noivos vão meter bolo na boca um do outro e toda a gente vai bater palmas, e o lombinho de porco fica lá no prato a arrefecer enquanto eu sigo o exemplo de toda a gente e bato com a colher no copo para que os noivos dêem um beijo (que nunca é um beijo decente, diga-se de passagem).
Quando tudo encheu o bandulho, começa a tocar a música.
E lá vão os noivos dançar. geralmente dançam só 5 minutos e depois os convidados invadem a pista de dança, e eu lá vou levado pelo braço duma qualquer velha (há sempre uma velha gaiteira na minha mesa. SEMPRE).
Quando vou para me ir embora, completamente rebentado, ligeiramente bêbedo, empanturrado, enjoado de ouvir os noivos a dizerem coisas melosas, dão à saída um saquinho, com uma ementa -porque eu quero uma ementa do que comi, obviamente) uma foto dos noivos antes do casamento - Porque obviamente depois de 6/7 horas a levar com o trombil dos noivos, o que n+os queremos é qualquer coisa que nos recorde deles - e um lindo souvenir completamente inútil.
Pode ser uma embalagem de poutporri um sabonete pra lavar o rabo, uma caneta, o que quer que seja. o que interessa é que tenha estampado algures o nome dos noivos "Mário José e Eduarda Afonsina agradecem a presença" ou qualquer coisa pirosa do género.

E sempre que saio de lá penso que só conheço pessoas aborrecidas. Podia haver um casamento que fosse interrompido a meio por alguma pessoa assim estilo filme piroso de Domingo, mas não. vivem todos felizes para sempre. até ele ficar careca, ela engordar e eles se divorciarem (na pior das hipóteses).
I hate weddings.

E vocês?
O que mais detestam nos casamentos? 
E o que mais gostam, vá?
Toca a ler comentar e subscrever!
[A ouvir: After Love - Diddy]
[Humor: Venenoso]

5 comentários:

  1. nem fales em casamentos, no ultimo que fui o pai do noivo obrigou-me a dançar com um desconhecido porque "pro ano casais vós". É contagioso XD

    Pelo menos o rapaz não era tão envergonhado como eu e ainda me disse o nome e foi falando enquanto dançávamos, mas foi uma vergonha...e com o meu jeitinho para dançar...loool

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  2. Só para dizer, que não posso dizer nada, pk o ultimo e único casamento que fui já deve de ter uns 14 anos, logo não me lembro de puto a não ser ver povo a comer e uma bela seca na igreja ;D

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  3. Uma coisa engraçada (um bocado pró estúpida - é mais isso) que me acontece sempre com os casamentos é que, quando sei que vai haver um, fico toda contente.

    É que eu, e isto é um guilty pleasure meu, adoro roupa e sapatos e maquilhagem e demais, portanto fico toda entusiasmada sobre a roupa que vou levar e os sapatos e por aí. E ainda levei alguns anos a aperceber-me que a minha alegria toda era só mesmo quanto à roupa, porque de resto...

    Primeiro, quase todos os casamentos a que alguma vez fui eram de primos da minha mãe ou do meu pai. Ou seja, gente da família que vejo duas, três vezes por ano. Depois, quando era nova, ficava sempre na mesa com os meus pais e com casais de primos ou tios deles e respectivos filhos. Eles lá se divertiam a falar entre si enquanto eu ficava lá a fazer nada.

    Lá pelos 17/18 anos, os noivos começaram a pensar "Epah... Já tá crescida, toca a metê-la na mesa dos solteiros" e eu pensei que as coisas iam melhorar. Nope. Não tenho confiança nenhuma com os meus primos da minha idade e eles têm bastante uns com os outros (são só gajos), portanto a cena é a mesma. A única parte boa é que, com o papá noutra mesa, tou à vontade com o meu champanhezinho ou a minha vodca limão (já não chegava pareceres anti-social Daniela, bota bêbeda nisso também!).

    Portanto, os meus casamentos resumem-se a dançar com a minha irmã e os tios da minha mãe e conversar com as tias sobre a faculdade e com a vida tá difícil com o desemprego e que eu devia ter ido pa médica. Acho que vou adoptar a atitude do Dexter do blog e começar a pôr-me bêbeda nos casamentos. :D

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  4. Caracóis
    Podia ser pior e fazerem te um arranjinho com alguem bastante mais velho xD
    Paula
    Cruzes canhoto! tanto tempo!
    Chihiro
    Epic faaail xD NEM ME OCORREU xD
    Daniela
    Pois, mas das ultimas vezes que fui comprei roupa que me fazia parecer ou 20 anos mais velho, ou 10 mais novo. not good.

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