quinta-feira, outubro 27, 2011

Post sem nome, porque não precisa


Lembro-me com facilidade de vários episódios da minha infância, mas houve um que sempre revi com maior clareza.
Quando tinha 7 anos o meu pai trabalhava num restaurante perto duma villa residencial, e eu ia de vez em quando para lá para o restaurante, porque era amigo dos filhos dos colegas e dos patrões, que deviam ter a mesma idade que eu.
Dava-me particularmente bem com o filho do cozinheiro e a filha do patrão (não me lembro do nome deles, nunca mais os vi desde essa altura, por isso passam a Ser a M. e o F.) , e quando lá ia acabávamos sempre a fazer alguma asneirada.
Uma tarde qualquer, a M. convidou-me para ir para casa dela, e convidou-me em frente ao F. quando estávamos a ir os dois para casa dela, ela disse que não queria que o F fosse porque decidiu nesse dia que não gostava dele, e eu com o meu cérebro de pirralho só consegui tomar uma decisão:
"Se não és amiga do F também não és minha amiga".
Assim, a seco, sem ponderar o peso do que estava a dizer. afinal era perfeitamente legítimo querer que os meus amigos fossem amigos entre si, e a negociação não era o meu forte na altura.
Nesse dia a M acabou por ceder e no fim já éramos todos muito amiguinhos, como deve ser qualquer bando de crianças que se junte por mais de 5 minutos.

Sempre que me lembro por um motivo ou por outro dessa situação dou por mim a sorrir.
Não tenho saudades da M e do F, porque não me lembro de nada deles, naquela altura tinha muita mais informação que recolher do que pessoas que na altura me pareciam ser imutáveis.
Não tenho saudades da época, nem particularmente da idade.
Tenho saudades dos afectos.
Daquela inocência com que saímos todos da fábrica, mas que mais cedo ou mais tarde perdemos ao lidar uns com os outros.
Isto porque na cabeça duma criança nunca cabe a noção de que as pessoas não gostam todas umas das outras, e de que não temos todos que nos dar bem. Não existem compatibilidades, ou assuntos difíceis (esses resolvem-se todos com um "desculpa")
Quando somos crianças, não há limites. conhecemos uma pessoa na rua, e com um bocadinho de trela, somos automaticamente amigos, porque é o que nos faz sentido.
Ou gostamos todos uns dos outros, ou então não gostamos, não existem indiferença na cabeça duma criança.
E quando crescemos apercebemo-nos que a amizade não é a preto e branco, sim ou não. é toda uma gama de cinzentos, que variam de intensidade consoante o sentimento partilhado. Vemos que os amigos não são necessariamente aqueles que concordam sempre connosco e que não são aqueles que se lembram de nós em datas específicas.
E nada disto me choca.
A única coisa que continua a fazer-me impressão, é reparar como quando crescemos, os afectos minguam.
[A ouvir: So Good- Keri Hilson]
[Humor: Gripado]

3 comentários:

  1. Quando tinha uns 5 anos, o filho do senhorio da minha mãe pediu-me em namoro e eu respondi-lhe que não podia, porque já era amiga do Márcio XD sim, na minha mente devia haver uma qualquer ligação entre melhores amigos e namorados (aliás...acho que ainda há, só não prescindo de fazer amigos por issoXD).

    Crescemos e perdemos a inocência...é triste, mas está nas nossas mãos fazer alguma coisa em relação a isso.

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  2. Era uma vês uma menina inocente que perdoava tudo e todos, mesmo dps de espancada e espezinhada, pk era criança e como tal, não via o mal no mundo.

    A minha infância não foi das mais felizes no que toca a amizades, mas na altura lembro que pouco ligava a tretas que hj se calhar mando dois berros e 2 estalos, mas a bida é assinhe.. ;D

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  3. Afal
    LOL então eras adepta de amizades coloridas em piquena xD
    Paula
    Quando eramos pirquenos acho que era mais fácil lidar com alguns problemas básicos xD

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