quarta-feira, novembro 23, 2011

Certezas cegas

O certo às vezes é o que mais custa.
Digo e faço o que sei que devo, porque não dá para o fazer de outra maneira.
Sei que tenho que seguir este rumo específico, porque é o único que faz sentido... mas DÓI.
As forças esvaem-se como se perdesse sangue, uma hemorragia de desilusões e constatações óbvias.
Claro que no fim do caminho está o meu lugar seguro, mas às vezes pondero se estou efectivamente seguro lá.
Dizem que ter razão facilita as coisas, que tendo uma consciência tranquila ficamos automaticamente mais leves. Acho que quem disse isso nunca teve que fazer "o correcto".
A razão está para tudo isto como uma aspirina está para um tiro no braço, pode ser muito bom ter a aspirina à mão, mas tecnicamente ela não serve de nada.

Teoricamente, tomar a atitude correcta é como cortar manteiga com uma faca quente, uma tarefa rápida e quase agradável, um obstáculo quase inexistente, sem fricção ou atrito que se oponham.
Mas na realidade é o equivalente a andar descalço num caminho de estilhaços de vidro para chegar a um lugar seguro.
E o que resta é suportar.
O que custa, é que nesta estrada de vidro partido, só podemos andar pelo próprio pé.
Podem estender-nos a mão, e incentivar a continuar em frente, a não desistir...
Não vai deixar de doer.
O certo às vezes é o que mais custa.
Não é uma relação exponencial de grau de significado/custo efectivo de acção, é apenas um peso desconfortável que fica preso na garganta...
O certo é o que mais custa, por muito certo que seja.
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