quarta-feira, dezembro 29, 2010

Dar o Desconto

Bem, este post surgiu-me há uns meses, mas voou-me da ideia.
Depois hoje a meio de uma conversa no msn com a Joana, lembrei-me dele.




Quando gostamos de uma pessoa, fazemos coisas estranhas por ela.e aqui não falo especificamente de amores. Falo de gostar de alguém. Como amizade, família ou whatever.

Por exemplo:
Eu tenho uma amiga.
A K. conhecemo-nos desde… sempre, e a dada altura no nosso pequeno grupo de amigos, a K passou a ser uma figura mítica, por ser uma pessoa de funcionamento muito específico.
Fica meses e meses sem falar ou estabelecer qualquer tipo de contacto, e depois a dada altura relembra-se da nossa existência. Porque não tem ninguém de momento com quem passar o tempo, ou porque não tem nada melhor para fazer.
E nós pensamos “Ah, é a K, vamos dar o desconto”.
E fazemos isto sistematicamente, até que passámos a ser os amigos em part time da K.
E por mais que eu ache que não seja certo habituei-me à ideia.
Habituei-me a “Dar o desconto”.
E cada vez que ela, depois de uma temporada de desaparecimento social completo, se lembra de voltar das cinzas e muito cuidadosamente se insere nos nossos planos conjuntos, dizemos “ah, dá o desconto. É a K
E este ano, embora saiba que lhe vou dar o desconto, comecei a pensar mais e mais nisto:
Porque é que o fazemos?
Na verdade isto de dar o desconto é uma coisa complicada, porque não nos limitamos a ignorar propositadamente as coisas erradas que certa pessoa faz, olhamos para essas coisas e vemo-las como coisas perdoáveis, por mais desagradáveis que tenham sido para nós.
Talvez seja porque gostamos muito dela, ou da ideia que temos dela, e porque temos medo que um confronto afaste essa pessoa e essa ideia permanentemente.


E quantas vezes o fazemos?
O problema reside exactamente aqui. Deixamos de contar. A certa altura, já é tão naturais dar o desconto a A, B ou C que nem notamos que o estamos a fazer. E quanto mais descontos dermos a alguém, mais esse alguém se habitua a ir avançando mais, e testando os nossos limites.
Chega ao ponto em que interpreta as coisas como se tivesse uma espécie de livre passe comportamental, sentindo que pode fazer e dizer tudo, porque vai sempre ser desculpado.

E isto dura até não conseguirmos dar mais o desconto.
Porque convenhamos, somos todos uma espécie de esponjas que vamos absorvendo e absorvendo. A dada altura já absorvemos demais e começamos a expelir o excesso, e a rejeitar mais…
E nessa altura parece-nos absurdo desculpar tudo só porque sim.

Eu estou aqui com estas conversas, mas vou continuar a dar o desconto À K.
E a sentir-me um hipócrita por ir directamente contra o que acredito, mas que se há-de fazer?

"O coração tem razões que a razão desconhece."

E vocês?
Têm algum amigo assim no vosso grupo de amigos?
Alguém a quem acabem por desculpar tudo?
Porque acham que o fazem?
Dão facilmente o desconto às pessoas?
Acham mal que se dê o desconto às pessoas?
Comentai, comentai, minhas gentes.

[A Ouvir : I need You now - Agnes]
[Humor: Feliz]

2 comentários:

  1. Eu sou uma espécie de saco que vai enchendo até rebentar. Aguento até chegar ao ponto extremo, depois muitas vezes desisto da amizade, apesar de agora fazer um esforço maior em entender e ajudar a pessoa.

    Beijocas e desejo-te uma boa passagem de ano e sorte para 2011.

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  2. BSL
    o meu problema é que eu sou um saco sem fundo. porque raramente rebento xD

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