Sempre fui um bocado rato de biblioteca.
Ahm… pronto, sempre fui muito rato de biblioteca.
Ainda há pouco tempo quando estudava para exames, tinha conservada aquela mania adorável de encher cadernos com resumos da matéria escritos à mão (se bem que na área em que estava aquilo servia-me de tanto como se passasse à mão a bíblia toda), e sempre fui aquele aluno irritantemente participativo, que no fim das aulas perguntava sempre “não há trabalhos de casa?”e que era assim um fuzilamento com o olhar.
Há 7 anos, nos meus belos 14 aninhos de vida, a minha escola da altura resolveu fazer um concurso de ortografia e língua portuguesa, a nível intra-escolar.
Eu como bom rato de biblioteca fui logo inscrever-me, seguido por uma ou duas alminhas da minha turma que foram forçadas a inscrever-se para serem forçadas a estudar português e assim melhorar a nota.
E pronto, lá fui eu ao concurso, que consistia em soletrar palavras caras, escrever e corrigir textos e coisas assim do género.
Passadas umas duas semanas do concurso ter começado, foi anunciado o vencedor.
Eu.
Okay, obviamente que eu fiquei todo orgulhoso – afinal ganhei dentro da escola toda, aquilo ainda foram uns quantos participantes – e lá fui eu receber o diplomazinho (que se encontra agora em parte incerta), e o prémio.
Eu raramente me inscrevo em concursos pelo prémio… é mais pela coisa de poder ganhar. Desta vez não foi diferente e eu nem estava à espera de um prémio, pensei que fosse ganhar uma enciclopédia, ou um dicionário.
Vou á sala da directora da escola… e a mulher dá me um embrulho – desalentadoramente pequeno – que eu abro ansiosamente.
Era um livro.
E podia ficar por aqui a história, e nem havia grande conversa, afinal fazia sentido darem um livro, sendo um concurso de língua portuguesa.
Mas não.
A minha escola resolveu traumatizar um aluno de forma subtil
O título do livro era “sobrei da história dos meus pais?” (imagem da capa aí ao lado)
A sério?
Não tinham um livro um bocadinho mais… alegre? Motivador? Não deprimente?
Não, vamos dar a uma criancinha um livro sobre divórcio e abandono paternal.
Vamos sugerir ao jovem que se calhar ele se devia atirar da janela porque foi o fruto dum preservativo roto.
Lembro-me vagamente de ter feito o sorriso mais amarelo possível, porque a bácora da directora olhava para mim como se me tivesse dado uma viagem á serra da estrela e não um livro que deve custar 7€.
Coincidência ou não, quando ganhei o livro, os meus pais andavam numa fase de imensas discussões, para as quais eu era arrastado, e eu, como bom pré adolescente influenciável que era, peguei no livro e meti-o atafulhado numa prateleira sem nunca lhe tocar. as unicas palavras que li para além do título foram as da dedicatória no interior.
primeiro traumatizam-me e depois elogiam-me. nicely done.
Acho que depois disso nunca mais participei em nenhum concurso escolar sem ser os que eram de presença obrigatória.
Obrigado escola Diamantina negrão, conseguiram formar mais um jovem traumatizado.
Depois mando a conta do psicólogo, quando lá for.
Isto veio a propósito do concurso literário em que me inscrevi. podem ir aqui ler e votar no botãozinho vermelho "VOTAR" se gostarem. Vá, não vos custa nada pois não?
Já respondi aos comments todos das semanas anteriores, toca a ler subscrever (era giro chegar ao dia dos meus anos com 200 seguidores, é de hoje a um mês) e comentar e essas coisas todas. ah e votem.
[A ouvir: Lovedrunk - Anouk]
Uma vez ganhei um concurso desses. Postais de São Valentim, no auge dos meus inocentes 16 anos. O postal alertava para o uso do Preservativo. Não podia ser mais cliché! Mas valeu-me uma diciopédia...:)
ResponderExcluirAQQME: Ganhaste uma seguidora:)
Nos tempos que correm talvez pudesses processar essa directora por danos emocionais ou qualquer coisa do género.
ResponderExcluirAchas que o crime já prescreveu?
;)
Mal eles sabiam que podiam vir a causar traumatismos a médio/longo prazo... eheh
ResponderExcluirO timing do livro foi mesmo mau pelos vistos mas há que superar esse triste acontecimento. ;)
Também ganhei uma vez um livro num concurso de Língua Portuguesa. A pior parte nem foi o livro (Diário de Sofia, nada de traumatizante), foi mesmo o espalhafato que a minha turma fez quando me entregaram. Gostava de passar despercebida.
1º de tudo: é feito mentir XD
ResponderExcluir2º eu cá ganhei uma diciopédia 2004 uma vez que fiquei em 1º em concurso literário, no ano seguinte fiquei em 3º e ganhei um desses livros que realmente deve ser daqueles que "nunca ninguém tocou ou quis ler, por isso vamos oferece-lo a alguém como quem não quer a coisa, pode ser que cole e não dêem por ela"... é triste...
no 5º ano a minha turma ganhou o concurso de carnaval com umas mascaras de robots e disseram que na festa de final de ano nos entregavam o prémio.
ResponderExcluirClaro que toda a turma estava a contar com um passeio, nem que fosse pequenino, mas quando fomos chamados ao palco ofereceram um porta-chaves cheio de publicidade a cada...
Nunca ganhei nada, mas estou desconfiada de que esse livro estava escondido num qualquer canto e serviu para uma prenda do "desenrasca".
ResponderExcluirEu semre estou lendo suas histórias, notei que passou por cada situação... (risos) Eu também já vivi cada coisa... Resolvi então criar uma conta e postar também... Parabéns, se der peço que visite meu blog: jeffersonnunesblog.blogspot.com e saiba que você tem me inspirado muito a escrever... Um abraço e parabéns!
ResponderExcluirBafejada pelas Musas
ResponderExcluirLOOOOOL realmente era um postal romântico, pah. Sê bem vinda e espero que gostes de continuar a ler.
PFIA
Pois, mas agora acho que já não me pagavam indemnização nenhuma. se nem compraram um livro de capa rija, acho que não iam ter dinheiro pra reembolsar xD. pobre de mim.
Silvermist
Por acaso nunca li esse livro, já me falaram imenso disso, mas nunca o li. eu cá não tinha vergonha e a mim nada de cerimónia de entrega. xD
Afal
Okay, a minha escola era uma treta. xD se bem que agora aquela diciopédia não me servia de nada, porque elas desactualizam todos os anos, e todos os anos custam os olhos da cara.
Caracóis
LOOOL ai sim adoro quando nos fazem ter grandes expectativas e no fim chapéu.
Inês
Também acho que sim xD
Jefferson
Obrigado, fico muito orgulhoso de ter te influenciado a começar um blog. depois passo por lá para dar uma vista de olhos ;)