Quando eu tinha 8 anos, eu acordava às 5 e meia da manhã nas férias para ver as televendas. Depois voltava a dormir até às oito, quando satisfazia a minha curiosidade em produtos extremamente úteis.
Havia toda aquela dobragem feita em cima do joelho em que a senhora loira era dobrada por uma voz provavelmente 30 anos mais velha que ela, e aquele excesso de excitação a descrever um aspirador de carpetes com mostrador de metereologia, sei lá era qualquer coisa naquilo tudo que me deixava fascinado por meia hora a ver anúncios às mais variadas coisas que sabia que nunca ia comprar.
E depois o meu pai começou a ver as televendas quando eu já tinha 14 anos.
E aí aquele mundo de fantasia entrava em nossa casa da maneira mais inesperada.
O meu pai - a mesma alminha que comprou a powerbalance - como bom espectador que é, focava-se nos aparelhos de exercício.
Até hoje continuo a ter nas televendas uma memória de infância das mais queridas, nunca percebi porquê.
Havia toda aquela dobragem feita em cima do joelho em que a senhora loira era dobrada por uma voz provavelmente 30 anos mais velha que ela, e aquele excesso de excitação a descrever um aspirador de carpetes com mostrador de metereologia, sei lá era qualquer coisa naquilo tudo que me deixava fascinado por meia hora a ver anúncios às mais variadas coisas que sabia que nunca ia comprar.
Mas isso durou até eu ter para aí 9 anos e começar a ter a noção de que os antes e depois deviam ser manipulados, e de que provavelmente os produtos não eram tão bons quanto eles nos queriam dar a entender. Continuava a ver esporadicamente mas já sem aquela ilusão de que as televendas só mostravam coisas fantásticas.
E depois o meu pai começou a ver as televendas quando eu já tinha 14 anos.
E aí aquele mundo de fantasia entrava em nossa casa da maneira mais inesperada.
Okay, reformulemos.
E aí, o meu pai comprava aquele mundo de fantasia e trazia-o para casa.
O meu pai - a mesma alminha que comprou a powerbalance - como bom espectador que é, focava-se nos aparelhos de exercício.
E a politica do meu pai era “comprar e depois dizer que é tudo uma intrujice quando já não se pode devolver”.
Isto acontecia sempre, porque obviamente, os resultados efectivos, não eram nem uma décima dos publicitados. E é obvio que não podíamos ficar com uns abdominais que parecem um ralador de queijo a usar uma cinta à barriga, sem fazer mais nada.
E eu era a única alminha que lhe dizia que era deitar dinheiro fora. Por causa disso, ele deixou de comprar coisas enquanto eu estava em casa. Sempre que íamos ao Alentejo, lá estava um novo mono a um canto da casa.
Começou por uma coisa daquelas que faziam a barriga tremer, presa a um cinto? Se não estão a perceber do que estou a falar, vejam o vídeo abaixo.
Bem, começou por ser um, e depois já eram três diferentes.
Ora bem, aquela merda dá choques.
E não são choques agradáveis, é como se tivesses uma tomada ligada ao umbigo.
E depois passou para uma passadeira que usou meia dúzia de vezes, depois de dizer que aquilo não dava jeito nenhum. Eu como bom atleta de sofá que sou, nem me cheguei perto daquilo. Para além de achar deprimente correr virado para a parede.
Quando se livrou da passadeira (eu até tive medo de perguntar o que foi que ele lhe fez), comprou o fantástico ab king pro, aquela coisa que parece uma cadeira para fazer abdominais. E usou-a 4 vezes. Está algures atravancado numa caixa de cartão.
E comprou mais uma dúzia de coisas que não lembram ao diabo.
De momento temos uma linda bicicleta estática que está para ali a ganhar mofo, porque nunca é usada… para não se estragar.
E algures no meio disso tudo, eu comecei a perceber que as televendas só são bonitas, enquanto ninguém cá de casa se lembrar de encomendar coisas de lá.
E vocês?
Alguma vez compraram alguma coisa das televendas?
ficaram satisfeitos com a compra, ou era uma intrujice?
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[A ouvir: Here's to you - Brooke Fraser]
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