segunda-feira, setembro 05, 2011

(Con)viver com a hipocondria


Já vi relatos de familiares de pessoas com as mais variadas doenças, mas nunca ninguém se deu ao trabalho de contar os dramas de lidar com a hipocondria, o que é um bocadinho falta de consideração para nós, os que temos que nos desenmerdar a lidar com a situação sozinhos e abandonados.
A hipocondria existe em maior abundância do que se possa pensar, e afecta milhares de pessoas pelo mundo fora.
É uma doença bastante perigosa para a saúde do doente, maioritariamente pelo risco em que se põe ao infernizar a vida aos familiares com os milhões de doenças que vão adquirindo como cromos numa caderneta (tão imaginários como as doenças que têm).
Convivi (e convivo) com alguns casos de perto e bem, não há nada como uma inside vision (das minhas então, ui), pois não?
Nota: uso "hipocondríaco" como exemplo geral, e não a referir-me a ninguém em particular.

Hipocondríaco + Internet = mau resultado. A Internet é uma fonte infinita de conhecimento, e o Google é uma boa ferramenta para acedermos ao mesmo... mas nas mãos do doente o Google é um portal para o país das queixas. A pesquisa torna-se uma forma de comprovar que tem qualquer coisa grave e de preferência crónica, isto porque o hipocondríaco tem que estar SEMPRE doente. Mesmo que tenha tanta saúde como um boi de cobrição alimentado a erva fresca o ano todo, o “doente” sente sempre sintomas das mais variadas doenças. Se tem uma enxaqueca, é provável que comece a espalhar aos sete ventos que tem um tumor no cérebro, se tem vista cansada vai dizer que tem glaucomas na família, ou pode desmaiar, e depois andar a contar que esteve em coma (true story) é mais ou menos o mesmo que todos os sintomas através duma lente que multiplica por 10 todo e qualquer sintoma.
Uma boa maneira de identificar um hipocondríaco é olhar para as pessoas que mais se queixam dos médicos. Obviamente que existem casos de negligência (maior ou menor, não vem ao caso), mas o hipocondríaco vê o médico como uma figura incompetente que não percebe a gravidade de uma situação – imaginária – tão grave como a que está de momento a passar. A verdade é que o hipocondríaco sabe mais de saúde do que o próprio médico. É perfeitamente idiota não ser logo metido de quarentena porque deu dois espirros e diz que tem a gripe das aves (H1N1).
Dizer-lhe que tem uma boa saúde, é o mesmo que espancá-lo com um berbequim ligado à corrente. Ficam indignados com a ideia de que estão sãos que nem um pêro, e vão (novamente) alegar a incompetência dos médicos e procurar novos sintomas no Google para se queixarem de novas coisas.
Um hipocondríaco efectivamente doente é tão agradável como beber uma garrafa de coca cola com ácido enquanto se faz o pino (cheira-me que seja bastante desagradável, mas nunca testei). Lembram-se do exemplo da lente? Pois, se serve para os sintomas, também serve para as doenças. Uma simples gripe torna-se caso de cuidados semi paliativos, e as dores de corpo são piores que as dores que Cristo passou na cruz.
A regra de ouro para a sobrevivência agradável com um hipocondríaco é nunca partilhar problemas de saúde (a não ser em casos extremos), porque a hipocondria é uma doença que se processa por osmose. Passo a explicar: Se partirem um dente e vos doer, e comentarem com o hipocondríaco, no dia seguinte ele vai ter dor de dentes. É fatal como o destino. E mesmo que a dor seja produto da imaginação, obviamente que vai ser pior que a vossa – que originou o “contágio” - e quem fica pior são vocês, que para além de terem tido dor de dentes a sério, têm que levar com as lamúrias infinitas do hipocondríaco.
A hipocondria é uma doença que mata!

Okay... não mata pessoas, mas mata paciências!
E acreditem que a minha é bastante grande e já tentou o suicídio umas quantas vezes.

E vocês?
Conhecem alguém que tenha este mal?
Como é que lidam com pessoas assim?
Comentem, leiam, subscrevam, gostem no facebook, e dêem um olhinho ao meu outro blog que não tem nada a ver com este.
(Não se esqueçam, é um post humorístico, não estou a menosprezar doenças alheias e nhenhenhe, só para evitar dramalhões)

[A ouvir: Fight For This Loe - Cheryl Cole]
[Humor: Divertido]

4 comentários:

  1. Olá! Já cá não comento há séculos! :o Mais um texto brutal!
    O meu avô é exactamente isso tudo que acabaste de descrever! (excepto a parte da Internet porque, pronto, ele não sabe mexer; e ainda bem!) Mas o melhor é que não é preciso esperar um dia para que ele fique "contagiado". É no momento! Do género, estou constipada: Oh, eu também tenho estado a sentir umas dores de garganta! *cof cof*
    Isso junto com o péssimismo natural e uma depressão mal curada... Os prognósticos dele sobre a crise são assim (sem exagero): "Isto vai ser pior que a 2ª Guerra Mundial!!! Não morro sem passar fome!"
    Adorei o post! Já tinha saudades das tuas ideias e comparações malucas :P

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  2. Gostei do texto...pois então! Não me identifico com gente hipocondríaca e procuro evitar. lógico se tenho algum problema médico não hesito a ver do que se trata... porque já passei por algo que não quero repetir... a andar com febre baixa durante 15 dias e não ligava.. tomava o meu ben-u-ron e passado o efeito a febre voltava.. não que fosse alta mas.. incomodava.. decidi ir ao hospital e afinal já não voltei para casa... fiquei internada durante uns tempos. A partir dessa altura comecei por ter mais cuidado.. mas não sou daquelas que vai para a urgência por uma dor num dedo ou um corte num braço.. só para meter conversa ou conhecer velhinhos....mas passo-me com quem de uma gripe pensa numa pneumonia.. de uma dor de cabeça imagina um tumor!

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  3. Já fui um pouco hipocondriaca, confesso. Faiza análises regularmente, qualquer coisinha que aparecesse ficava logo com medo. LOL Grande pancada.

    Depois com a aproximação dos 30, passou. :)

    Conheço pessoas mesmo muito hipocondriacas. A dificuldade é fazê-las ver que é infundado.

    Bjs.

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  4. Azeitona
    Olá! não faz mal. em tempo de férias os comentários e as visitas murcham sempre um bocado. aproveite enquanto as tem.
    Sabes, os velhos ficam todos ligeiramente hipocondriacos. acho que é mesmo normal xD.
    Pantomineira
    Eu odeio hospitais. só vou lá mesmo quando estou muito mal. o que é raro. e algumas vezes nem digo nada a ninguém e espero que passe.
    S.
    Acho que a pior parte de sofrer disso deve ser o quão cansativo é. a sério.

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