quarta-feira, janeiro 26, 2011

Atitudes modernas - pt.VI

Hoje em dia está na moda mostrar-se o que não se tem.
Estamos na década (ainda é demasiado cedo para dizer que é no século, visto que o século só agora começou) das aparências, e para as manter acaba por valer tudo. 
E o modo mais comum de manter as aparências, é mesmo ostentar.

Há diversos tipos de ostentação, mas sinceramente eu nunca os consegui diferenciar de maneira eficaz. Acabam por me parecer todos o mesmo, a única distinção que sei fazer, é entre ostentação boa e má. 
A ostentação boa é quando mostramos algo sem precisar de o fazer. 
E depois há a má, aquela em que se faz ou mostra alguma coisa só para se ficar “bem no rolo” como dizem os nossos conterrâneos brasileiros ^^.
E toda a gente ostenta uma ou outra vez.
Até por isso acho que a ostentação má não é propriamente má. é… piorzinha vá.

É por isto que eu acho um chorrilho de tretas, quando as pessoas dizem que “não reparam” no que os outros possam dizer sobre elas, quando na sua maioria fazem de tudo para contrariar aquilo que têm medo de ouvir, quando podem simplesmente escolher não atribuir importância.
E como a percentagem de pessoas que escolhem não atribuir importância ao que os outros dizem é “piquinina”, a percentagem de gente que exagera para fazer boa figura é inversamente proporcional.

Como não consigo distinguir os tipos de ostentação, distingo os tipos de ostentadores como pseudos:

Os Pseudo Ricos
Actualmente o mundo está em crise e blablabla. Por todo o lado ouvimos pessoas a queixarem-se de como a vida deu uma grande reviravolta, e como dantes tinham uma vida muito boa e de repente estão na miséria… e a parte irónica, é que – pelo menos – metade daquelas pessoas que se queixam non stop, viviam acima das possibilidades, numa vida que não podiam pagar. E depois acabam a fazer o choradinho nas Oprahs deste planeta porque afinal não ganhavam o suficiente para ter as filhas na equitação e manter o BMW descapotável, e aquela mansão germinada com Piscina era mais cara que o T2 onde viviam antes, mas na altura era bonito mostrar que se tinha. Porque pessoas com posses são mais felizes… tecnicamente.
Lição a retirar: Se não tem dinheiro, não compra. se tem compra.
Os Pseudo interessantes:
Outro óptimo exemplo disto são os exageros.
Quer-se dizer, eu nem condeno que se exagere um bocadinho aqui e ali quando se fala de alguma coisa, desde que não se tire a veracidade da história. É quase como acrescentar sal a uma refeição. Sem ele comia-se perfeitamente bem, mas com ele é bem mais saborosa. O grande problema do uso dos exageros, é que muitas pessoas não sabem ser moderadas, e usam tanto exagero, que acabam por transfigurar completamente um acontecimento para parecer bem… e isso acaba por passar de “exagero” para “mentira de 5ª”, o que acaba por ser até deprimente… a tender para o ridículo.
Por exemplo:
Facto: “Eu quando era piquinino esbarrei contra a Bonnie Taylor umas duas vezes...”
Exagero: “… E fiquei extremamente envergonhado. E ela foi uma querida e disse que eu era muito giro”
Exagero em excesso: “… e ficámos muito amigos, ainda falamos hoje em dia, e até me vai dar uma ajuda a entrar na indústria da música, e apresentou-me uma data de pessoas famosas”
Lição a retirar: O dito popular é “quem conta um ponto, acrescenta-lhe um ponto” não é “quem conta um conto acrescenta dezenas de reticências”.
Os Pseudo Felizes
Outro tipo de ostentação que eu amodoro (amo+adoro) é a “ostentação da vida amorosa de folhetim”.
É o campo mais sensível de todos.
O campo dos amores, dos afectos.
E muitas vezes vende-se uma imagem completamente maquilhada só para não mostrar que algo não está bem.
conheço uma data de casais assim. O que interessa é serem o “casal maravilha” quando saem, quando falam da vida amorosa ou quando se mostram. Mesmo que nos bastidores a vida seja mais fria que um iceberg, e mesmo que toda a gente esteja careca de saber que não é bem assim na vida privada, um mar de rosas sem fim.
Isto sem falar nos relacionamentos por desespero. Aquele dito do “mais vale só que mal acompanhado” (que rege imenso a minha vida desde sempre) consegue ser completamente distorcido à vontade do freguês. Quem não conhece aquela solteirona infeliz que inventa um namorado À família, só para se sentir menos criticada?
 Lição a retirar: Para se saber estar com alguém, tem que se saber estar sozinho.

No fim de contas, temos que ter em mente uma coisa.
Toda a gente tem limitações.
Não interessa de em que campo em específico, mas toda a gente as tem.
O grande problema hoje em dia, é que quase ninguém gosta de admitir as limitações que tem, nem tentar ultrapassá-las se possível.
Preferem ignorá-las e fazer de tudo para passar a imagem do anúncio de margarina cá para fora (sabem aquela imagem da pessoa com uma vidinha nojentamente feliz?). Têm medo de ser julgadas como fracassadas quando se vem a saber que a vida que mostra não é a que têm, quando são mais fracassadas por se darem ao trabalho de mostrarem aquilo que simplesmente não têm.

E vocês?
Conhecem muitas pessoas que precisem de mostrar o que não têm?
Porque acham que o fazem?
Acham que a dada altura não se torna cansativo ter que carregar o peso de todos os pequenos exageros que mostram diariamente?
Qual destes tipos de ostentação vos irrita mais? os pseudo felizes, ricos ou interessantes? algum a acrescentar?
O que sentem por estas pessoas? pena? empatia? desprezo?
Vá a comentar, que eu vou dormir (distraí-me a escrever, deu nisto)

[A ouvir: Beautiful Heartache -Shapeshifters]
[Humor: Pensativo ]

3 comentários:

  1. Acho que dos que listou, o pseudo feliz é o que mais me incomoda, talvez porque existam vários a minha volta.

    Beijocas

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  2. Infelizmente, a vida está repleta de pessoas assim... e eu, claro, também tenho algumas delas.
    E aquelas pessoas que são do tipo:
    Eu: vocês já ouviram falar daquela cena nova da apple, maior que o Iphone...?"
    Eles/Elas: Já tenho! É horrível.. um desperdício de dinheiro... etc

    ...

    ...

    ...

    Sempre assim. Chega um dia, que vamos a casa dessa pessoa e:
    Eu: então, posso ver o tal ipad?
    Eles/Elas: Ah... está em casa do não sei quem...
    Eu: e aquela outra coisa que disseste que também tinhas?
    Eles/Elas: olha, já vendi.

    E a mentira continua.... lol

    Irrita-me imenso. Digo tanta vez, "se é para inventar, antes estejam calados."

    Esse é só um exemplo das várias situações de mentira/ostentação que me irritam. lol

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  3. Dama
    Por acaso nem me rodeio tanto por pessoas pseudo felizes. é mais por pseudo ricas xD
    Jessica
    Ai adoro isso. de morte.
    NOT
    xD
    as pessoas não perceberão que fazem a maior figura triste possível?
    Por acaso queria um Ipad agora que falaste nisso xD.

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