quarta-feira, março 09, 2011

Atitudes modernas - pt.VIII

Ando há um mês com estes dois 2 posts alojados no cérebro sem me quererem sair.
Não é falta de inspiração, porque tenho tudo mais ou menos desenvolvido na cabeça e pronto a ser redigido, mas eles não querem sair simplesmente.
Hoje no entanto um deles quis.
Hoje em dia está na moda deixar que ser “Doutor” defina personalidades.
Temos que admitir que o acesso ao ensino superior é cada vez mais fácil, tendo em conta que há 50 anos não era quase ninguém, e há 30 atrás não era toda a gente que ia para a universidade, nada a ver com a facilidade com que se ingressa num curso superior hoje em dia.
Como já devem todos estar fartos de saber, vivemos numa sociedade que vive muito à base de rótulos e de certas expectativas que se formam em torno de cada um. E agora nessas expectativas sociais está o “tirar um curso”. E quem não tira um não é automaticamente bem sucedido. Então começou a formar-se uma espécie de misticismo urbano em torno do “canudo” (vulgo diploma).
Este ano parei o curso que estive a tirar durante 2 anos por não me sentir motivado e não me identificar minimamente com o curso. E verdade seja dita, na altura em que eu disse isso, caiu o Carmo e a trindade aqui por casa. Claro que já passou esse drama todo, mas durante uns dois ou três dias foi como se tivessem descoberto que eu ando a fumar cocaína na casa de banho depois de lavar os dentes todas as noites.
Porque o que é melhor do ponto de vista social é eu tirar um curso. Eu ou qualquer jovem.
E eu quero tirar (um curso um dia destes, um curso de que goste, claro) e sou totalmente a favor do ingresso no ensino universitário, acho muito bem que as pessoas se instruam, e se tornem indivíduos mais completos a nível intelectual, e emocional se for esse o caso.

Ultimamente eu vejo uma data de notícias a rotularem esta geração, como “geração á rasca” (mais a bendita canção dos Deolinda que já me dá tonturas só de ouvir 2 segundos da música), “geração mal paga”, e por aí a fora, mas acho que estamos a caminhar para uma “geração snob”.

Sim, snob.

O grande problema é que para além de se formarem licenciados “doutores” e “mestres” a torto e a direito, estamos a formar uma quantidade faraónica de snobs.
São cada vez mais as pessoas que depois de terem o canudo na mão têm aquela estranha (e injustificada) impressão de que por terem um canudo na mão, merecem alguma espécie de tratamento especial por parte do universo.
Um curso superior torna uma pessoa mais culta (numa área muito relativa, sejamos honestos), abre horizontes de trabalho (ou não, sejamos ainda honestos)… Mas não é isso que vai fazer alguém superior.
Eu compreendo que se tenha orgulho no esforço que se faz para acabar um curso. Mas ingressar no ensino superior é supostamente uma escolha que se faz tendo em conta de inicio o trabalho que isso requer, e se nos sujeitamos a isso, não nos torna melhores nem piores que ninguém.

E enquanto as pessoas não entenderem isto ainda vamos ter por aí muito menino da mamã e muita dondoca mimada que depois de tirarem um curso, mesmo sem emprego e a viver na casa dos papás até aos 40 olham de alto para todas as pessoas como se o facto de terem andado não sei quantos anos a estudar na universidade os tornasse pessoas mais “dignas” ou mais espertas.
Vejo pessoas mais espertas a trabalharem em peixarias ou no Mc Donalds com a quarta classe do que muito engenheiro e doutor que andam praí como se fossem donos do mundo. E a dignidade não se ganha com um canudo.

Na altura em que se precisa de um diploma como arma de auto afirmação, é melhor repensarem toda a vossa postura na vida, porque algo não está bem. Uma pessoa com formação não é necessariamente uma pessoa bem formada. Uma pessoa não se forma atrás das carteiras de um instituto superior em 3, 5 ou 6 anos . A formação vem de casa e da vida toda antes e depois disso.

Se um “doutor” (o termo na moda que se aplica a tudo o que é curso) e um vendedor de castanhas forem assaltados e levarem dois balázios na testa, tenho a ligeira impressão que acontece o mesmo. Morrem os dois do mesmo e demoram relativamente o mesmo tempo. E o senhor diploma está lá em casa onde o ladrão não o viu e não lhes serviu na verdade de nada.

E vocês? 
conhecem alguém que depois de ingressar na universidade tenha mudado de atitude?
Porque é que se dá tanta importância a isto hoje em dia? a pressão social aumenta de ano para ano porquê? afinal muito licenciado anda com trabalhos que teria se não tivesse curso nenhum... né?
Concordam? Discordam?
Alguma coisa a acrescentar?
Comentem, leiam, subscrevam e gostem no facebook. ;)

[A ouvir: Battlefield- Jordin Sparks]
[Humor: Preguiçoso]

3 comentários:

  1. Hoje vem falar a Inês licenciada. Sim licenciada, não doutora. Isso dos doutores é uma treta. Não gosto da palavra, não gosto que me chamem isso, enerva-me profundamente. E também me enervam os que me pedem facturas em nome de Dr x ou y.
    Doutores são as pessoas que têm um doutoramento, não os licenciados.

    Se conheço pessoas que tenham mudado de atitude por estarem no ensino superior?Conheço, assim como também conheço pessoas que só querem emprego em área X ou Y, assim como conheço quem ache que um mestrado abre a porta do mundo do trabalho mesmo sem experiência profissional.

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  2. Começo por apoiar em tudo as palavras escritas pela Inês - um licenciado é um licenciado pois para doutores temos os médicos e os doutorados!

    Actualmente, estando quase a acabar o Mestrado ainda me faz confusão pessoas que começam a tratar-me por Senhora Mestre... Tira-me algo do sério:
    1º ainda não sou Mestre em coisa nenhuma - no máximo sou mestranda;
    2º mesmo estando quase a entregar a dissertação não me sinto nem de perto nem de longe mestre de coisa nenhuma;
    3º whaaa???

    Ainda no outro dia ligaram-me do Banco a perguntar se queria associar um 'Título Honorífico' aos meus dados - Não gente, não quero. Quero ser um comum mortal que gosta de aprofundar conhecimentos e que, por acaso, optou por um Mestrado.

    Enfim... a Pressão Social e o Pessoal Snob que brotam quais cogumelos pela nossa sociedade podem meter os belos dos canudos num sítio onde o sol não brilha porque, para mim, ou se tem gosto e queda para determinada área ou nem com milhentos cursos a coisa se dá.

    x x x

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  3. Inês
    Essa das facturas com Dr. no principio desconhecia, coisa mais triste sinceramente xD.
    Não te esqueças que também há os doutores de profissão mesmo xD.. A filha da ex patroa da minha mãe, era "Drª Tânia", mas nunca sequer chegou a exercer no curso que tirou, e é de frisar que nem quis. enchia a boca para falar de condições sociais e agora trabalha no jumbo. o que é verdade é que a vida dá muitas voltas. não é um diploma que as previne.
    Ninixe
    Um título honorífico... LOOOOL xD.
    A verdade é que se toda a gente pensasse como tu ou como eu, nem tinha existido assunto para este post xD

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