quarta-feira, agosto 31, 2011

Portugal, um país de cornos


Há aproximadamente um mês fui ao Alentejo, e tive a sorte de ter ido lá em dia de tourada, o que resultou na família toda de roda da TV à noite a assistir à tourada como se fosse a coisa mais interessante do mundo, enquanto eu petiscava qualquer coisa na cozinha e gastava a bateria do telemóvel a falar no msn.
E eu pergunto sempre qual é o interesse de ver este espectáculo deprimente.
Já ouvi diversas coisas bonitas, mas a que mais me marcou foi:
Ah e tal, é uma arte, é preciso coragem para irem lá para enfrentar a besta”

Ahm... vamos lá a ver...
A tourada consiste basicamente numa meia dúzia de touros (ou menos sei lá), e outra meia dúzia de toureiros montados em cavalos e vestidos de maneira extremamente apaniscada a dar espetadelas no touro com varas de ferro até a criatura se esvair completamente de sangue e cair para o lado. Pelo meio temos os forcados, com os seus barretes idiotas que gritam ao touro a ver se ele investe contra eles para... saltarem para cima dele, ou fugirem com asas nos pés quando vêem o bicho a vir na direcção deles..
E no fim deste espectáculo todo, mandam flores aos toureiros e aplaudem os forcados como se fossem todos uns grandes heróis, enquanto o touro foi levado para algum sítio escondido para ser transformado possivelmente em bifes da vazia ou em comida enlatada de cão.

Qual arte? Só se for a das pessoas que lhes costuram os fatos... e não é por nada, mas não vejo alli nenhuma haute couture.
Depois de umas horas a fazerem do bicho gato sapato, a besta ainda é o touro?

Não sou daquelas pessoas que apoie 500 associações de defesa aos animais, por muito que goste deles, mas acho ridículo vivermos em pleno século XXI e uma tradição tão... retardada como esta ainda ser largamente aplaudida.
Aliás, acho que não se resume à tourada. Há um qualquer fascínio sobre natural que eu não entendo do povo português pelos touros.
Independentemente de serem ou não mal tratados, os touros cheiram mal, babam-se, e são facilmente irritáveis... e estas coisas todas, não nos impedem (Portugueses) de ter uma longa história no que toca a eventos relacionados com os bicharocos.
Ele é touradas, pegas de touros (que acho que é diferente e não matam o bicho) largadas de touro, aquele festival em que põem os touros á solta num descampado e apostam onde é que eles arrearão o calhau... enfim, toda uma panóplia de eventos em que mal ou bem o touro é das figuras principais.

E por mais que tente, não entendo o interesse.
Acho quase tão idiota como a festa dos tomates (a tomatina ou lá como se chama) dos espanhóis, em que se desperdiçam toneladas de tomates que podiam alimentar pessoas com fome, só porque sim.

Talvez Espanha seja um país de tomates e Portugal seja como o título indica, um país de cornos.

[A ouvir: Say it isn't so - The Outfield]
[Humor: Calorento]

7 comentários:

  1. "acho ridículo vivermos em pleno século XXI e uma tradição tão... retardada como esta ainda ser largamente aplaudida."
    Concordo plenamente contigo!

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  2. É uma tradição estúpida. Eu só gosto de ver é quando o touro é mais forte que os forcados e manda alguns para o hospital. Eles ficam lindos com braços e costelas partidas...
    Mas em Portugal existem touros bem bonitos de raças autoctones como a barrosã, a arouquesa, a minhota e a cachena, mesmo cheirando mal e babando-se todos :)

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  3. A tradições e tradições. Há tradições totalmente inúteis como esta e depois existem as tradições úteis, exemplo no final de agosto e inicio de setembro há uma festa do santo XXXX na minha terra natal e isso são 3 dias para ajudar a economia local.

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  4. Cá em Espanha, apesar de a tourada ser considerada pelos estrangeiros como o "desporto nacional", há muito pouca gente que a apoie.

    Ranchos e o Papa, isso sim, apoiam!

    E representações da Paixão de Cristo em que há um gajo que, no fim, vai sempre parar à cruz, apesar do gajo lá de cima, volta e meia, mandar trovoadas que acabam com a porra da festa toda, mesmo a insinuar que não está a gostar da coisa...

    Felizmente, em Portugal, também há aquela festa maravilhosa que é a vacada, em que o pessoal agarra um bebedeirão e se mete a correr à frente de uma vaca a achar que sabe mais, e no fim lea umas valentes marradas e passa a vergonha da sua vida.

    Que, graças à tecnologia e ao qi dos amigos, é certo ir parar ao youtube...

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  5. Não há coisa que deteste mais do que as touradas.. não lhe acho piada, nunca fui (acho eu) e custa-me ver que a consideram uma tradição.. aliás, pode sr tradição mas se é estúpida...mais estúpido é quem a mantém! Não faz parte do meu conceito de arte... ver ali uns cavalos ( animais e quem os monta) numa arena como heróis...ou artistas.. Realmente as bestas não podem ser os touros...
    Já a festa dos tomates acho piada...sei lá..mas não me estou a imaginar em cima de um camião a mandar tomates a alguém.. ok.. posso... se for algum artista cantante seria uma boa ideia... à parte disso.. piada acho pouca..
    De qualquer forma não acho que essas tradições tenham grande futuro...com o tempo morrem como morreram outras! Tomates e cornos.. vai ser sempre tradição.. quer aqui quer em Espanha..podem é não ser festejados ao ar livre...

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  6. Um ritual bárbaro que, nem que viva 100 anos, eu hei-se algum dia entender... nem quero! E choca-me ainda mais que as novas gerações alinhem numa chacina destas, ainda que sejam quase exclusivamente os filhos dos tiosecos, armados em famílias de bem...

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  7. Ricardo
    Infelizmente muita gente não concorda.
    Caracóis
    Pois, isso até tem a sua graça, se bem que nem assim gosto do "espectáculo" em si
    Rapaz
    Festas + Santos = velhas.
    Marta
    Ai essas pancadas dos cristãos fanáticos ainda me faz mais impressão. não sei qual é a pica.
    As vacadas são óptimas para ver gajos a levar cornadas e a gritar que nem umas menininhas xD
    Pantomineira
    já quiseram fazê-la património da humanidade.
    PFIA
    Pois é, aquilo é tudo famílias inteiras á catrefada. cruzes.

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